Uma resposta extraordinária
Marcos 12:13-17
Na verdade o significado da declaração: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus”, é melhor compreendido à luz de seu contexto. Foi Jesus quem disse essas palavras. Isso
aconteceu quando Ele foi questionado por um grupo de pessoas se era lícito pagar ou não pagar
impostos a César (Mateus 22:15-22).
Mas essa pergunta era, na realidade, uma armadilha contra o Senhor Jesus. Os fariseus
queriam destruir Jesus. Mas eles não o atacavam pessoalmente porque temiam a reação do povo.
Então eles procuravam a todo custo apanhar Jesus em suas próprias palavras.
Cristo teria que dar uma resposta que não apenas saciasse seus opositores, mas que causasse
um reação surpreendente na mente deles. Essa resposta não podia ser uma resposta qualquer, tinha
de causar impacto na vida de quem estava perguntando e de quem estava ouvindo.
Jesus possuia uma sabedoria incomum. O ambiente ameaçador não o perturbava, era a
ocasião perfeita para Ele agir. Quando todos pensavam que não havia outra alternativa a não ser
pender para o lado do povo ou para o lado de Roma, Jesus os surpreendeu.
Jesus primeiro os chamou de hipócritas(Mateus 22:18) e então pediu que um deles
apresentasse uma moeda romana que pudesse ser usada para pagar o imposto de César. Um deles
mostrou-lhe uma moeda romana, depois Jesus fitou aqueles homens e então perguntou a eles: qual
era o nome e a inscrição que estava nela. (Nela estava escrito: Tibério Cesar deus.) Prontamente,
eles responderam que era de César, ao que Jesus então proferiu a sua famosa frase: Dai, pois, a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Essa resposta completa destruiu totalmente qualquer argumentação de seus opositores. Isso
porque sua resposta ao mesmo tempo em que não incitava a sonegação do imposto, também não
deixava de atribuir a glória devida somente a Deus.
Essa resposta de Jesus nos desperta duas situações. A primeira: Aqueles homens
aproximam-se de Jesus, mal intencionados. Não queriam ouví-lo, queriam pegá-lo em uma palavra
errada. Não há interesse pela verdade perguntada, mas sim em incriminar Jesus. A segunda: A
resposta clássica de Jesus, “dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, é
recheada de sabedoria. Sabedoria esta que põe cada coisa e cada pessoa no seu lugar.
Jesus não se perturbou com a ambição de Tibério (imperador romano da época) expressa na
efígie, já que Tibério queria ser o Senhor do mundo, pois é comum o poder cegar a capacidade de
pensar das pessoas. Os questionadores de Jesus ficaram impressionados, paralisados e sem ação,
pois sua resposta não estava no rol das possibilidades esperadas pelos fariseus e herodianos.
É difícil descrever as implicações da sua resposta. Eles esperavam uma resposta que fosse o
sim ou o não, ou seja, se era lícito ou não pagar o tributo, mas Jesus respondeu maravilhosamente o
sim e o não.
Nessa resposta quando Cristo diz: Dai a César o que é de César, Jesus não nega o governo
humano, tipificado pelo império romano, nem nega o pagamento dos impostos. Dai a Deus o que é
de Deus Jesus ensina que há outro governo, um governo invisível e atemporal, ou seja, o Reino de
Deus e este não é sustentado pelo dinheiro dos impostos, mas por aquilo que emana de dentro do ser
humano, das suas intenções, emoções, pensamentos e atitudes.
Jesus disse aos seus inimigos que deveriam dar a César o que é de César, mas não disse a
quantia que deveria ser dada. Ao contrário, o governo humano que primeiro cobra os impostos e
depois os retorna em benefícios sociais, o Reino de Deus não cobra nada inicialmente, ele
primeiramente supre uma série de necessidades do ser humano: dá o espetáculo da vida, o ar para se
respirar, um mundo belo para se emocionar, etc. Para nosso espanto, Cristo discursou que a maior
cobrança do Criador será a mais sublime emoção, o amor. O amor cumpre toda a justiça e substitui
todo o código de leis.
Pr. Dr. Gervásio Melquiades Gomes